Faminto

Como a doce manhã que vem dizer bom-dia…
Como os pássaros eufóricos
Como os lençóis bagunçados
Como minhas entrelinhas
Como as palavras não ditas
Como tudo que existe e vejo
Como a moça de vestido
Como a ingenuidade da adolescente
Inevitável acontecer...
Como eu e você
Como tudo que há
Como o que sou
Comerei o que virá!

Autista

Confinada mente
Refletida em círculos
Pensar evolutivo...
Não faço parte de tudo isso
Questionamento incontentável
Destrutivo!
Empurra-me cada vez mais.
Força inútil faz
Minha esperança
Que sobrevive ao caos
Desse imenso vai e vem!

Outrora, me pego sorrindo
De vez em vez,
Abuso de minha tolice
Achando que terá um fim
Breve e não doloroso...
E não tem!

Continua à girar
Imensa esfera aquática
Mesma espécie?
Semelhantes?
Poupe-me eternamente da verdade...
Tranco-me em meu mundo
É bem melhor assim não acha?

A puta e o gringo

Branca a cera passeia na praia
Camiseta, sandália, celular.
Calvície exposta
Carteira à mostra
Filtro solar

Ela, é carioca, ela é carioca
Areia quente
Descalça...
Marca de biquini
Sem guarda-sol.

Dedos entrelaçados
Preto e branco
Branco na pele
Preto no ar
Sem se importar

Entre carícias, ofertas
Recusa ele.
Mais carícias, amor
Uma só cor!

Índia dinossauro
Caminha agora só
Companheira passageira
Ele, adeus dará!